terça-feira, 13 de setembro de 2016

Faça parte da Rede Cidadão do Mundo!

Quem quiser conhecer o Projeto, propor ideias, parcerias, só colar nas nossas reuniões semanais! :)


Como chegar? Brasil > ES > Vitória > Maruípe > Próximo a praça do Eucalipto > Entrada principal do Campus da UFES (CCS) > Siga em direção ao Restaurante Universitário > Seguir após a cantina > Seguir até o prédio do Biotério.

"Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo”

sábado, 3 de setembro de 2016

Crítica do curta-metragem "Maicon - O Jogo da Vida"

*COM SPOILER*


Por volta dos meus quinze anos, conheci um grupo de rap gospel, chamado Apocalipse 16, bons tempos eram aqueles. Em suas músicas, que sempre busquei decorar assiduamente, nenhuma mexeu tanto comigo quanto a canção: Contos da Sul. Talvez por essa denunciar as diversas mazelas sociais (tráfico de drogas, machismo, assaltos, desigualdade social...), que afetam tantas pessoas, em nosso país e ao redor do mundo, e que obviamente sempre me rodeou, uma vez que sendo eu um garoto pobre, preto e morador de favela. Compreender as denúncias que aquela canção fazia, só seria possível a mim com o passar do tempo, mas não tinha ideia do quanto seria envolvido nessa reflexão. Até anos depois receber o convite de Deyvison Reis, para interpretar Maicon, um personagem de seu curta-metragem.

Baseado, na canção retratada acima, o curta é escrito e dirigido por Deyvison e coproduzido por Elton Rosa, que mostra a história de Maicon, um garoto deixado com Sebastião (Sérgio Lúcio), seu avô, aos cinco anos de idade, por Vânia (Meiriele Goltara) sua mãe.

A narrativa circular (que termina uma trama no ponto em que começou) usada no curta, não é empregada atoa, ela está a serviço da história, isso porque em geral, obras que utilizam esse tipo de narrativa costumam a não apresentar um final feliz. E é exatamente isso que veremos, manipulados pela mão do Diretor.

Em termos técnicos, Deyvison se mostra versátil com a sua câmera, tanto ao usar um travelling (movimentado-a), como na bela cena que mostra todo o morro do Forte São João no início do filme. Ao criar rimas visuais (com duas cenas: em que Maicon ainda criança, ao subir as escadas com sua mãe, passa chorando em frente a uma Cruz de madeira. E em outra cena ele agora já grande desce em frente à mesma Cruz, só que dessa vez desesperado devido à necessidade de ter que conseguir dinheiro para sustentar o seu vício) vale ressaltar que elas são gravadas em plongée e contra-plongée  (ângulos diferentes, com a primeira cena de baixo pra cima, e a segunda cena de cima para baixo).

Temos ainda uma tomada panorâmica, como na cena que mostra a Baía de Vitória em 180º graus, antes de Maicon começar jogar bola pela primeira vez no campinho. Tracking shot (cena que acompanha os pés de Maicon na partida de futebol), elipses (saltos temporais subentendidos na narrativa), como a cena de ostentação de troféus por parte de Sebastião. E o melhor é tudo isso sendo mostrada por uma câmera que em momento algum fica estática, ela parece respirar se mexendo levemente o tempo todo, o que cria um ritmo de inquietação enervante.

Já na fotografia, temos desde a escolha de paleta de cores amareladas, perfeitos para ambientação da história, uma vez que enaltece a estética cênica (terrenos, casas de lajotas sem reboco, terra, chão batido...) presente na geografia das cenas, e chegando até ao uso de uma paleta de cores mais acinzentada, como nas cenas em que Maicon usa drogas, que passa a ser mostrada rapidamente sem “cores”, sem variedade, dando lugar a um tom mais sombrio e frio, mais escuro. E que serve principalmente para evidenciar uma futura tragédia inevitável na vida do personagem.

Criando a sinestesia necessária para todas essas cenas, temos a trilha sonora, que acompanha constantemente os estados do personagem, tanto nos momentos felizes, sendo progressiva e mais pulsante, com direito a riffs de guitarra, presente nos primeiros momentos de Maicon jogando futebol.

Até aos acordes incômodos, que ouvimos quando Maicon começa (e se aprofunda) no uso de drogas, o que sugere à conturbação interna dele. Aquela cena em que ouvimos o que seria como um batimento cardíaco, no momento em que Maicon executará o seu assassinato é um ótimo exemplo de como a trilha sonora é imersiva, já que através dela sentimos perfeitamente o estado de espírito do personagem.

E se criamos empatia para com o personagem Maicon, parte se deve também ao trabalho de interpretação de Davi Reis (fase infantil) e Wallace Pontes/Eu (fase adulta) que estão totalmente  investidos em suas performances, Davi com pouco tempo de tela entrega uma cena verossímil de um episódio de choro e irritação. Gustavo Trinxet (fase adolescente) entrega o necessário.

Já  Wallace Pontes como Maicon ('não me sinto confortável, avaliando a minha própria interpretação), espera que o espectador que viu a obra, tire suas próprias considerações. Sérgio Lúcio como Sebastião, tem uma atuação respeitável, contida, e sem afetação, e fechando o elenco principal Meiriele como Vânia, contribui para empurrar a narrativa assim como os demais personagens da história.

Mesmo diante de um elenco afiado, as atuações são monotônicas (não apresentam mais camadas em sua personalidade) - o que evidencia a maior fragilidade da obra, o roteiro. É um roteiro excessivamente expositivo, com diversas frases de efeito, que nunca soam orgânicas. Não apresenta uma consistência na construção dramática, como vemos na “cena do assassinato”, já que não sabemos ao certo, se a mulher (Tayná Alves) está morta ou desmaiada. E mostra familiaridade ao querer compungir o espectador, deselegantemente usando a trilha sonora na última cena de clímax do filme (morte do avô), em vez de permitir que isso aconteça por uma leitura pura por parte do espectador sobre o peso dramático do evento mostrado, o que seria uma decisão mais sofisticada.

Ainda sim, a história de um garoto de origem humilde, que sonhava com futebol, e tem seus sonhos drasticamente interrompidos, tinha tudo para se tornar uma história genérica, mas isso não acontece, os elementos aqui já observados nos permitem mergulhar na obra, comprá-la. Refletir sobre sua aplicabilidade em nosso dia a dia, passamos a enxergar quais são os fatores que levam uma pessoa a dependência tóxica. Reconhecemos Maicon, como mais um dentre várias pessoas que nos lembramos do dia a dia com a mesma história de vida do personagem. Automaticamente levantam-se certas questões. De quem é a culpa? A culpa é devido ao abandono dos pais? A ausência ou desatenção da família na educação do individuo? Ou devido à omissão do Estado, em garantir condições básicas de qualidade de vida? Ou seria unicamente culpa da pessoa que embarca no mundo das drogas?

Só fazemos todas essas pergunta ao final do filme, porque a obra de Deyvison cumpre o seu objetivo. E de forma nua e crua, mostra que enquanto as mazelas sociais ainda existirem, muitos “Maicon” infelizmente podem acabar não alcançando o tão sonhado objetivo, de ser tornar um dia titular de um grande time.

Escrita por Wallace Pontes (Redator de Cineminha 7). 
Amante Inveterado da sétima arte!


                                           
P.S.: Nunca imaginei que um dia faria uma crítica, sobre uma produção que tivesse participado, adorei o convite, e fui honesto em meu papel como crítico.
Como ator digo que foi um imenso prazer trabalhar ao lado de pessoas tão emocionantes e claro com um personagem tão prazeroso e humano, como o Maicon, não considero que tenho produzido o Maicon em momento algum, acredito muito mais que o Maicon me escolheu para ser o seu avatar, e servir de excelente material de reflexão para que tenha contato com essa obra.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Relato de estréia do Cineclube "Ciber & Cultura"

Cibercultura e Cultura...  Ação afirmativa da resistência afro-brasileira... o que isso tudo tem a ver com cineclubismo? Cidadão do Mundo?

A Rede Cidadão do Mundo estreou o Cineclube no Núcleo Afro Odomodê neste segunda-feira, 8 de Agosto. Contamos com o apoio dos educadores sociais deste Núcleo e com a presença de mais de 10 jovens entre 12 e 14 anos. Pra nossa surpresa (pelo menos da minha parte) e alegria, a galerinha estava muito inteirada e interessada nos conteúdo expostos. Teve muito debate. Conversamos muito sobre a cultura africana, a origem do povo brasileiro, quem são nossos reais ascendentes... e muito mais...

Nada melhor do que se comunicar, educar e aprender para sermos verdadeiros cidadãos. Isolado não conquistamos nada. Há muito o que aprender, ou seja, temos que aprender a aprender também. A Cibercultura é algo muito presente na nossa sociedade. Desda da nova linguagem até o mercado de trabalho, nós estamos imersos nessas novas dinâmicas. O que é uma exibição seguida de debate se não compartilhamento rápido e muitos conteúdos acumulados para serem explanados e debatidos? Muitas vezes "ficamos de cara" quando um jovem demonstra dominar certos assuntos. As pessoas acima de seus 25, 30 anos percebem o quão diferenciado é o que um jovem menor de idade atualmente é capaz de abordar sobre diversos temas. Temos que potencializar isto. Mais uma vez reitero: nada melhor que se comunicar, educar e aprender.


Depoimento da Educadora Social do Núcleo Odomodê, Thiessa Santana:
O vídeo de Darcy Ribeiro despertou uma série de indagações e afirmações nos jovens.
"Porque a África é um 'País' pobre?"
"Os africanos deram inicio a nossa história!"
"Eu queria muito ser negra!" 
Estes foram alguns dos questionamentos trazidos pela juventude ao perceberem a história da África e do Brasil por outras lentes.
Desmistificamos a ideia de África como um continente pobre e sem cultura como é propagado na mídia, reafirmando como o berço da humanidade.
Foi um momento muito bom e descontraído, na qual conseguimos conduzir cada resposta de forma crítica.
O Cine nos proporcionou esse espaço tão oportuno para que pudéssemos dialogar e sensibilizar  os jovens para o combate às desigualdades raciais e sociais, e para a luta contra os preconceitos, violências e exclusões.


Vinícius Mendonça, cineclubista da Rede Cidadão do Mundo:
"Acredito que só fazendo um trabalho em Rede que podemos conseguir dar conta das demandas sociais. Existem muitos grupos veteranos que carecem de uma oxigenação. Assim como existem muito coletivos iniciantes que precisam de espaço e pessoal organizado para acolher e dar oportunidade de ter as primeiras experiências. O Odomodê é um exemplo de grupo organizado que tem um enorme potencial formador de iniciativas."

Desde já o Núcleo indicou estar de portas abertas para nossas contribuições. Estaremos nos organizando para poder fazer exibições lá e também em outros locais. Locais públicos por exemplo é um dos formatos que almejamos para poder interagir e interferir na rotina das pessoas.

domingo, 7 de agosto de 2016

Terrorismo Po(ético)lítico*

ESTRANHAS DANÇAS NOS SAGUÕES de Prefeituras, Câmaras e Judiciários. Shows pirotécnicos não autorizados. Arte terrestre, trabalhos-telúricos como bizarros artefatos de Anjos & Demônios de Paletó espalhados na explanada dos Ministérios. Arrombe Gabinetes de Deputados Federais mas, ao invés de vandalizar, deixe objetos Poético-Terroristas. Rapte um assessor e faça-o feliz. Escolha um pré-candidato aleatoriamente e convença-o de que ele é herdeiro de uma enorme, fantástica e inútil fortuna: digamos 8000 quilômetros quadrados da Antártida, ou um velho elefante de circo, ou um orfanato em Bombaí, ou uma coleção de manuscritos alquímicos. Mais tarde, ele irá dar-se conta de que acreditou por alguns poucos momentos em algo extraordinário, & talvez, como resultado, seja levado a buscar uma forma mais intensa de viver. Ou seja um político eleito diferenciado.

Dê água para andarilhos pobres. E convença-os de que vale a pena oferecer água em troca de cervejas em bares frequentados por universitários. "Mendingo-artistas".

Pregue placas comemorativas de latão em locais (públicos ou privados) onde experimentaste uma promessa de um político que cumpriu. Mas também pregue placas descomemorativas  nonde há demanda relevante.

Ande nu por aí. E diga que o rei ainda não está nu e precisaria se juntar contigo.

Faça concurso para o Poder Público, crie  uma associação de empregados da categoria e faça uma greve reivindicando a redução do seu próprio salário para ajudar a financiar verba para coisas mais importantes. Indolência & beleza espiritual seriam pautas ínfimas comparadas a sua estratégia.

Crie uma associação nacional de neo-veganos e convença a todos que comer carne te faz perder legitimidade de discursos políticos-engajados. E faça com que essa associação ganhe muito poder político partidário. Muito importante ressaltar que estaria programado para 10 anos após a sua fundação, o idealizador do movimento ter um vídeo depoimento da mentira teórica do próprio movimento. Fazendo com que as pessoas "politicamente-corretas" fiquem perdidas e compreendam a manipulação da nova esquerda das desconstruções de significados (Mesmo caso do TDHA).

Ande com papel, tenha disponível também uma caneta e tenha coragem de parar de andar, de carro ou a pé, não importa onde esteja, e escreva, registre tudo que acha necessário. PS.: Se pensares que é louco por isto, quando alguém te acusa ou você sinta que a "sociedade" te reprima por isso. Escreva mais sobre isso e se reafirme de louco pra essas pessoas pra você não perder tempo com debates complexos.

A reação da audiência ou o choque estético produzido pelo Terrorismo Poético deve ser pelo menos tão forte quanto a emoção do terror: nojo poderoso, excitação sexual, admiração supersticiosa, inspiração intuitiva repentina, angústia dadaísta - não importa se o Terrorismo Poético é direcionado a uma ou a várias pessoas, não importa se é "assinado" ou anônimo; se ele não muda a vida de todos (além da de alguém), ele falhou.

O Terrorismo Poético é um ato em um Teatro de Crueldade que o palco é seus princípios sendo conquistados e concretizados... Quem não tem palco é o artista da intelligentsia "anti-sistema"(nem assentos, ingressos ou paredes). Para funcionar, deve ser categoricamente divorciado de todas as estruturas convencionais de consumo de arte (galerias, publicações, mídia). Mesmo as táticas guerrilheiras Situacionistas de teatro de rua já estão muito bem conhecidas e esperadas, atualmente. Inclusive o TP.

Uma requintada sedução levada adiante não apenas pela satisfação mútua, mas também como um ato consciente por uma vida deliberademente mais bela: este pode ser o Terrorismo Poético definitivo. O Terrorista Poético comporta-se como um aproveitador do aproveitador barato cuja meta não é apenas dinheiro, mas MUDANÇA e DINHEIRO e MUDANÇA e ETC.

Faça TP para outros artistas, faça-o para pessoas que perceberão que o que acabaste de fazer é arte. Não evite categorias artísticas reconhecidas, não sei se deve evitar a política, não sei se deve ficar por perto para discutir, ser sentimental ou não é de cada um; seja impiedoso, não corra riscos, vandalize apenas o que precisa ser desfigurado, faça algo que as crianças(pessoas com possibilidade de mudança de perspectiva) lembrarão pelo resto da vida - mas só seja espontâneo quando a Musa do TP tenha te possuído.

Fantasia-te. Deixa um nome falso. Seja lendário. O melhor TP é contra a lei, mas não seja pego. Arte fazendo uma suposta ação insana e inesperada se tornar mudança real.

Faça Filosofia não faça perpetuação de achismos das internetz... Ou apenas faça algo!

* - Adaptação de Hakim Bey: Terrorismo Poético Capítulo de "Caos, os Panfletos do Anarquismo Ontológico" (parte um de "Z. A. T.")


Vinícius Mendonça
www.wattpad.com/user/VinciusMendonca

sábado, 6 de agosto de 2016

Darcy Ribeiro: O Povo Brasileiro

É com muita honra que o "Cineclube Ciber & Cultura" - uma iniciativa da Rede Cidadão do Mundo -, realizará a exibição seguida de debate da obra prima de Darcy Ribeiro: O Povo Brasileiro, no espaço do Núcleo Afro Odomodê no centro da capital do ES - Vitória.

O antropólogo Darcy Ribeiro (1913-1997) foi um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX. Esse DVD duplo traz todos os 10 programas da elogiada série baseada na obra central de Darcy, 'O povo brasileiro', em que o autor responde à questão 'Quem são os brasileiros?', investigando a formação do nosso povo. 'O povo brasileiro' é uma recriação da narrativa de Darcy Ribeiro e discute a formação dos brasileiros, sua origem mestiça e a singularidade do sincretismo cultural que dela resultou. Com imagens captadas em todo o Brasil, material de arquivo raro e depoimentos.



sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A Cibercultura do Wattpad

Entrevista exclusiva com os "embaixadores"(Carlos Rocha e Peterson Rodrigues) da rede social de escritores: Watpadd.

FABIANO OLIVEIRA


Logo Wattpad
Você sabe o que é Wattpad? Na atual cibercultura é comum ocorrer vários elementos desse comportamento social que advém do uso de computadores, laptops, celulares e etc. Na produção literária independente, o Wattpad surgiu, em 2006, no Canadá,  em colaboração entre Flor Saucedo e Ivan Yuen.

Trata-se de uma plataforma online que permite aos usuários compartilhar gratuitamente suas publicações, contos, novelas, romances, ficções e etc, com milhares de leitores. É permitido aos leitores dessa plataforma online gratuita, votar, comentar e compartilhar suas histórias favoritas. O Wattpad está espalhado pelos principais países do mundo. Os Estados Unidos possui o maior número de usuários. No Brasil, há cerca de um milhão e duzentas mil pessoas lendo e/ou escrevendo no Wattpad.


Entrevistados
Embora seja um espaço que democratiza a produção literária, nota-se uma qualidade, nos textos, comprometedora, revelando um Brasil que lê pouco e escreve ainda menos. Carlos Rocha, um dos embaixadores da plataforma no Brasil, sobre a democratização desse ciberespaço, diz:
"Eu acho que o Wattpad permite que autores e leitores com diferentes tipos de experiência e exigência convivam e interajam. É legal dar a possibilidade de autores pouco experientes darem suas "caras a tapas". A colocação de obras é muito flexível, assim um autor pode retirar sua obra, ou reformulá-la quantas vezes quiser (do Wattpad). Eles podem receber críticas (construtivas, de preferência) e terão a oportunidade de aprender, em contato com o público de leitores, ou mesmo outros escritores, como aprimorar suas obras". Portanto, para encontrar uma boa história, é preciso "garimpar", como gostam de dizer os usuários, se referindo à procura minuciosa para encontrar boas jóias literárias.

Os Embaixadores, como são chamados os moderadores do Wattpad, são voluntários que exercem vários papéis; tradução, auxílio no gerenciamento da comunidade, remoção de conteúdos impróprios, além de exercerem peso na indicação de destaques e votos em concursos das categorias.
É oportuno dizer que Wattpad tornou-se uma vitrine para editoras; tanto no Brasil quanto nos outros países é comum autores terem suas obras publicadas fisicamente, como no caso do autor M.V. Barcelos que escreveu  "Horror na Colina de Darrington". As editoras recebem os originais de autores wattpadianos que soma a quantidade de visualizações na plataforma como argumento para mérito de publicação.  Peterson, autor de Thystium e também Embaixador do Wattpad, sobre essa "vitrine", diz:
"Sem sombra de dúvidas (Wattpad) tornou-se uma vitrine. E é a curva natural de desenvolvimento para o site. Aconteceu nos outros países e é ótimo que aconteça aqui. O Wattpad acaba sendo ótimo para construir uma base de público. E o que pode ser mais interessante para uma editora do que um autor com milhares de leituras e leitores? A publicação de youtubers é um reflexo desta construção de público".

Então, você Cidadão do Mundo, que gosta de ler e escrever, e quer tirar as teias de aranha dos seus textos, receber votos e comentários além dos seus amigos próximos e familiares, então seja bem vindo ao Wattpad.

Carlos Rocha, perfil no Wattpad: www.wattpad.com/user/carlosmrocha

Peterson Rodrigues, obra literária: www.thystium.com

Imagem com exemplo de obra literária no Watpadd

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Casa Aberta

A alegria é herança da loucura, como se vê nas crônicas de uma família que se deu o direito à ela.
Na rua Tenente Aranha, há uma casa aberta; sem portas, nem janelas. Era permitido a toda a gente entrar, ficar e partir quando quiser. Mas nem todos tinham bons olhos. Os vizinhos consideravam aquela família um péssimo exemplo à família tradicional brasileira. Era comum sessões cineclubistas com debates acalorados contra um sistema que proibia a preguiça.

Havia uma fumaça constante, com cheiro forte; ervas queimadas em cachimbos. Sexta-feira era dia de música; bandas independentes agitavam toda a gente que vinham de toda parte da cidade. Aos sábados, sarau de poesia, com direito a performances artísticas, jovens cuspindo fogo, com luzes no cabelo e piercings em toda a cara. Domingo era voltado para a produção sagrada familiar: telas em aquarelas, esculturas sem sentido e coral. Todos tinham sua voz.

Durante a semana, dias comuns, o pai regava as plantas e cuidava do jardim, gritando nu, “Viva a liberdade!”.

A mulher, fumando “um”, sorria preguiçosa na rede, na varanda da casa.

O velho, avô de todo mundo, sentava com um notebook no colo, escrevendo, ora no jardim, ora na varanda, ora na cozinha…

A criança, o único sensato daquela prole, cozinhava, meio sério, meio puto, meio triste.

O papagaio, narrador, explicava toda a história:
– O jardim vai morrer! A rede vai pocar! O velho escreve! O ovo está queimando! – Repetia o pássaro.
Eles sempre são debochados. – Pelado, pelado, nu com a mão no bolso. – Cantarolava.

Alguns anos depois, o papagaio morreu, a criança cresceu, a mulher e o homem envelheceram e o velho já não escreve mais.
A rua se transformou.
Agora todas as casas eram abertas, sem portas, sem janelas e onde toda a gente chega, fica e parte quando quiser.



Fabiano Oliveira
www.wattpad.com/user/FabianoOliveiraFO


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Concurso Literário BUG

Concurso literário realizado na plataforma da rede literária do Wattpad pela Revista BUG.

Clique aqui para acessar o Concurso

A Revista é uma ramificação literária da Rede Cidadão do Mundo, um conjunto de coletivos em prol da cidadania por meio da cultura, de modo geral. É um projeto de extensão envolvendo estudantes da rede pública federal na área de comunicação, filosofia, letras, além de agentes sociais.

A BUG será impressa trimestralmente e o vencedor do concurso terá seu texto publicado numa tiragem de mil exemplares, com todos os créditos e direitos devidamente reservados, distribuídos gratuitamente.

O tema do concurso será sempre baseado no editorial da revista, que em sua primeira edição, trará a Cibercultura, comportamento social que age a partir do uso de computadores, laptops, celulares e etc.

Além da Cibercultura, o tema do primeiro concurso da Revista BUG, está baseado no Realismo Mágico, movimento sulamericano que, tem na obra "Cem Anos de Solidão" de Gabriel Garcia Marquez, um marco literário, contrapondo a fantasia clássica da Europa. No Brasil, destaque para as obras de Murilo Rubião.

A data de inscrição é do dia 05/08/2016 até 05/09/2016. Portanto, um mês de prazo. A data do resultado será divulgada após o término da inscrição.

Não há limite mínimo de palavras. Limite, apenas, para o máximo de palavras: 5000 (cinco mil).

Para se inscrever, coloque o título do conto, sinopse e link no capítulo separado especificamente para "INSCRIÇÃO". Não se esqueça da tag #revistabug.

Perguntas apenas no capítulo exclusivo para "PERGUNTAS".

Comentários podem ser feito aqui mesmo nesse capítulo.

Os três (3) primeiros colocados ganharão diagramação da obra e publicação na Revista BUG Online.

O Campeão terá seu conto publicado na Revista BUG Impressa, além da revista online.

Serão destacadas dez (10) menções honrosas. Um conto das dez menções honrosas será publicado na Revista BUG Online, com diagramação.

Todos os contemplados para a Revista BUG deverá enviar uma foto de perfil com uma pequena descrição para os leitores, por email.

Antes de cada concurso, publicaremos uma entrevista com o vencedor, que será publicado tanto aqui quanto na Revista BUG Online.

Desde já, desejamos boa sorte a todos.

"Escrever é uma arte, como tudo mais".




sábado, 30 de julho de 2016

Pfff, Shhh

Posmodernia?
Geração X, Y, Z?
Psicopatia?
Alienação?

Eu tava na “bad”
Liguei a TV
Fiquei de boa
É uma TV!

Pfff!

Lembrei do notebook
Virei rápido pra trás
Preciso de uma rede sem fio sem senha
Sou um cara sagaz

Já é de madrugada já
Os problemas se amenizaram
Viajo num torpor virtual
E as horas se passam

Uma pessoa real entra na casa
Surge um diálogo psicodélico, lágrimas
Minha vidinha virtual e academicista somem
O que é isso Habermas?

Você é frio
Você é um livro
Você é virtual!
E ainda sou real

Pfff!

Filósofos contemporâneos
seus conceitos inexistem
Já contaram pra vocês histórias místicas, percepções extra sensoriais, emoções, divagações...
Mas o que ficou nos livros gelados foram apenas conceitos inexistentes

Quem é você vei?
Quem sou eu?
O que que cê tem cara?
O que que rolou?

É uma TV!
Sou um cara sagaz!
E as horas se passam
O que é isso Habermas?

Lembrei do notebook
Você é frio
Eu tava na “bad”
Já é de madrugada já

Eu ainda sou real
Fiquei de boa
Viajo num torpor virtual
Preciso de uma rede sem fio e sem senha

Surge um diálogo psicodélico, lágrimas
Você é um livro
Os problemas se amenizaram
Liguei a TV

Virei rápido pra trás
Uma pessoa real entra na casa
Minha vidinha virtual e academicista somem
Você é virtual!

Poetas aprendizes me leiam, existam
Contarei estórias bizarras, mesquinhas, perspectivas insanas, supra-humanas, abraços, indicações...
Faremos livros quentes que ficarão. Serão conceitos reais, porém velados

Shhh!



Vinícius de Almeida Mendonça



sexta-feira, 29 de julho de 2016

Qualidade do Indivíduo

O coletivo social se conectou, com um tapa na nuca, forçando o súdito a se prostrar, curvado, com a fronte inclinada, sempre para frente; pianinho, calado, sem reclamar. Se isso não é positivo para alguns, para outros é finalmente se render, de bom grado, ao opressor do tempo que passa e que um dia, ou outro, sempre finda.  Ser insano, ora ou outra, é corriqueiro.

 - Viva a pátria! - Alguém vai gritar, na qualidade de cidadão.

O homem, em seu cubículo de escritório, está desgastado. Ele quer chegar em casa, tomar banho, ouvir música, receber o prato quente na mão, jantar no sofá, assistindo TV. Algum problema?

A filha, encantada com a universidade, quer fazer amor gostoso, publicar em seu blog, beber até ficar em coma e continuar frustrada em busca de entender a felicidade. Algum problema?

O avô quer ficar calado! Algum problema?

A mulher, consumada, consumida, consciente, quer esperar o marido, a filha, o avô e o rato, em paz. Alimentar a todos e então, somente então, se cuidar. Algum problema?

Depois que todos daquela tirpe cansou de se prostar e finalmente dormiram com a TV ligada e esquecida, o rato chegou, pegou uma migalha e assistiu um curta sobre a qualidade dos gatos, seu programa favorito. Sem problema algum...




Fabiano Oliveira



quinta-feira, 28 de julho de 2016

Catarse corporal


Novamente me peguei martirizando meus pensamentos
E o que mais me incomoda é o fato de mostrar o descontrole,
Não em ter perdido o controle,
porque não gosto de me sentir despida dessa virtude.
Sou a pior pessoa que alguém pode conhecer, pois todos criam uma personagem que na verdade nem eu mostro ser.
Foda-se (na verdade mandar alguém se foder deveria ser o melhor desejo dito a uma pessoa)
Ok, não sou controlada!
E longe ser uma menina doce
Mais perto em ser querida (por alguns é claro, se nem Cristo meu grande amigo agradou).

As pessoas me olham e começam a cochichar,
Dou de ombros
Desejava ajudar elas com algumas informações extras sobre mim.
-“PUTA!”
Escuto o velho escroto sentado do outro lado da rua coçando o saco proferir para mim.
Apenas agradeço e peço encarecidamente para lembrar das minhas profanações nas missas de domingo.

As pessoas têm muito medo de verbalizar todas as putas que existem em si.
Homens e mulheres não estejam “putos” sejam “putas”(faz muito bem viu).

Viver fora dessa forma padronizada nos transforma na ovelha negra da família,
Isso é bom,
Preto é minha cor preferida!
Minha família há tempos não têm informação sobre mim,
Apenas acompanham publicações em redes sociais,
E fazem murmurinho para os mais velhos que não fazem uso dessa tecnologia.
Disso pouco me importa.

Enquanto me recomponho da última gozada.
Aos meus 18 anos me permito dizer a vocês que mulheres também gozam sozinha,
E muitas vezes se deliciam com um pornô aleatório de um site que já fica salvo na página de favoritos,
Podem começar a me chamar de profana,
Não perderei o controle, mas se eu perder
FODA-SE novamente (dessa vez mais deliciosamente que a primeira)
O mundo necessita de pessoas com a vida sexual resolvida.

Aos amantes de uma literatura bonita e livre de todo esse pudor
Acompanhe autores parnasiano
Eles tinham um dom de mascarar essa sujeira toda
Criavam um conto de fadas
E pulavam a lua de mel
Pois até a Rapunzel
deixe-me dizer
Trepou ou fez amor como você preferir.
Longe de querer sexualizar sua infância
Ou ainda acredita que a cegonha que trouxe você?

E se por acaso encontrarem esse achado um dia em minhas coisas,
Vou ajudar a você simplificar quem eu sou,
Sou mulher ou como costumam chamar esse gênero no século XXI
Osso da costela de Adão,
Sexo inferior,
Vadia,
Vagabunda,
Piranha,
Puta!

Thalia Peçanha